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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ijuí: a memória construída com diversidade

A memória de um povo guardada através dos tempos, mantém vivo em Ijuí os primeiros passos dos colonizadores.

Etnias estão organizadas no Parque de Exposições de Iju
 
            É em Ijuí, no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, que descendentes de várias origens cultuam as tradições dos seus ancestrais, então colonizadores desta terra. Aqui filhos, netos e bisnetos de alemães, italianos, austríacos, árabes, suecos, espanhóis, poloneses, africanos, holandeses, letos e portugueses preservam suas origens, guardam as histórias e valorizam seus costumes,  por meio de grupos étnicos.
            A “Terra das Culturas Diversificadas”, como é conhecida, foi colonizada por 18 etnias, além dos gaúchos, - que não é considerada uma etnia, mas deixa marcas na cultura. "É o único município do país que possui grupos étnicos organizados e instituídos, mantendo representativamente a utilização dos trajes típicos, música, dança, culinária, língua e suas casas ou centros culturais edificados dentro do Parque de Exposições Wanderley Burmann". A afirmação é do professor do Curso de Administração a Unijuí, Adelar Baggio e coordenador do processo de estruturação das Etnias de Ijuí.
Etnias - Esta forma de organização não deixa apagar com o tempo a história brava, de um povo corajoso que aqui chegou e iniciou o processo de colonização do município que cresce e se desenvolve a cada dia. “Ijuí foi a primeira Colônia Nova colonizada no norte do Estado do RS. Foi colonizada por três etnias juntas (alemães, italianos e poloneses) e logo depois se integraram os austríacos e, posteriormente, as outras etnias, quase todas de origem européia”, conta Baggio. Das 18 etnias que colonizaram a então chamada “Colônia Ijuhy”, 11 encontram-se organizadas, além da Querência Gaúcha.
            O dia 19 de outubro, em que se comemora o aniversário de Ijuí, marca o início da colonização, no ano de 1890.
 Ueti - Esta estruturação, conforme descreve Baggio, iniciou com “um trabalho denominado de ‘Ijuí na Retomada do Desenvolvimento’”, em que foi nomeada uma comissão, composta por entidades e instituições, que tinha por objetivo organizar uma nova etapa de desenvolvimento local, uma vez que ijuí estava em pleno desenvolvimento, tendo como um dos primeiros passos a criação da Unijuí, universidade na qual foi o primeiro reitor. Após, esta comissão começou a estudar o tema “Culturas Diversificadas”. Destaca ainda que a ideia cresceu e passou a ser chamada de “Movimento das Etnias de Ijuí”, tendo como marca “Ijuí, terra das Culturas Diversificadas”. Logo depois surgiu a Festa Nacional das Culturas Diversificadas (Fenadi), em 1987, juntamente com a 3ª edição da Exposição-Feira  Industrial e Comercial de Ijuí (ExpoIjuí).
            Após tratativas e processos que levaram a construção das casas típicas no Parque de Exposições Wanderley Agostinho Burmann, eis que em 1996 foi criada a União das Etnias de Ijuí (Ueti), que tem como objetivos: “Promover a União Étnica de Ijuí; Coordenar Eventos, Projetos e Atividades de interesse comum dos Centros Étnicos-culturais e estimular o intercâmbio com Entidades Congêneres”, tendo sua diretoria constituída pelos por representantes dos grupos étnicos. “Iniciamos com três etnias organizadas: alemães, italianos e holandeses. Até 1992 estavam em funcionamento as seguintes entidades: Centro Cultural Italiano, Centro Cultural 25 de Julho de Ijuí (Alemães), Sociedade Cultural Polonesa Karol Woytila, Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi (Afros), Sociedade Cultural Holandesa de Ijuí, Centro Cultural Austríaco de Ijuí, Centro Cultural Português, Centro Cultural Leto, Centro Cultural Árabe, Centro Cultural Sueco, Centro de Cultura Espanhola e Entidade Tradicionalista Querência Gaúcha”, explica o professor. As casas foram edificadas com recursos próprios das etnias.

Embaixatrizes das etnias do ano de 2010

Sobre a “Terra das Culturas Diversificadas”, Baggio enfatiza ser definida pela então Comissão “uma marca forte da globalização é o entendimento na diversidade. A democracia é mais rica quando existe diversidade. Um dos principais e mais nobres objetivos da globalização é a fraternidade entre os povos e a busca da paz. Para tanto, deve-se buscar a eliminação dos conflitos. O movimento das etnias, entre outros objetivos, visa concretizar estes propósitos”.
Hoje - Atualmente participam dos grupos 2.311 integrantes. O presidente da Ueti, Nelson Casarin, destaca que as etnias estão num  períodos crescente, se organizando e se qualificando e que principalmente os grupos de danças estão em uma qualidade superior. “Todos têm um objetivo só, que é trabalhar em benefício da cultura do nosso resgate, das nossas culturas antigas, dos nossos antepassados, costumes e gastronomia, enfim, danças e vestimentas”, ilustra.
            Ijuí tem uma rica história reconhecida e valorizada. Por um período de dez dias que englobam o aniversário do município, é realizada anualmente no Parque de Exposições, a ExpoIjuí/Fenadi, momento em que a diversidade étnica-cultural ganha ainda mais destaque.

Materiais de pesquisa –
Texto: Movimento das Etnias de Ijuí/RS/Brasil. BAGGIO, Adelar Francisco. 2011.
Livro: Ijuí (RS): uma cultura diversificada. MARQUES, Mário Osório. Ijuí. Ed. Unijuí, 2002.
Site: http://ueti.org.br/inovaweb/
Fotos: site município de ijuí

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