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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Redes sociais, juventude, alienação e revolta

 Taís Elisa Hammarstrom Beck

Desde o início dos tempos, a juventude sempre foi a voz crítica e contestadora da sociedade. Nada se fazia sem a adesão dos jovens que, com ou sem causa, costumavam se rebelar quanto ao modelo social no qual vivam, duvidando de tudo e de todos, e buscando a fazer a diferença. Quanto menos liberdade os jovens possuíam, mais vontade tinham de lutar por ela, de buscar espaço e usufruir o direito de expressar sentimentos e vontades. Enfim, juventude sempre foi sinônimo de atitude e rebeldia.
Com o término da ditadura militar, o povo brasileiro, bem como sua juventude, passou a imaginar ter voz ativa nos rumos da nação. A conquista do direito a eleger os governantes através de voto direto conseguida através do movimento “Diretas Já” e o sucesso popular, mesmo que, de certa forma, manipulado pela mídia, da derrubada de um presidente da república eleito de forma democrática, deram uma impressão ainda maior de liberdade e direito de escolha a essa população que tanto sofria por não poder se manifestar. Porém, o que parecia ser apenas o início de uma longa caminhada rumo à verdadeira democracia participativa no país, foi, na verdade, um dos últimos fatos conhecidos de comoção nacional em prol de uma causa. Um último suspiro de uma nação que, por tantos anos, teve o grito de liberdade preso na garganta, pronto a se manifestar através de cada brecha deixada pelo sistema.
A evolução tecnológica e comunicacional que marcou o período do final dos anos 1990 e ganhou força nos anos 2000 fez com que pudéssemos pensar em uma nova juventude revolucionária que, estando interligada pela rede mundial de computadores através de correio eletrônico, fóruns de discussão e, posteriormente, por blogs e redes sociais, e possuindo acesso privilegiado à informação, estaria apta a contestar a realidade e lutar por mudanças. Porém esta tendência não se concretizou.
Quanto mais fácil foi se tornando o acesso a informação e o contato entre pessoas de localizações geográficas distintas, mais o advento da comunicabilidade foi banalizado. A possibilidade de comunicar tudo, com todos, praticamente o tempo todo, fez com que a mensagem, que antes necessitava ser elaborada de forma clara, concisa e direta, para o melhor entendimento do receptor, se tornasse algo corriqueiro, transmitido a qualquer momento, sem apuração de forma ou conteúdo.

 Recentemente, o uso de redes sociais como Twitter e Facebook passou a possuir uma faceta contestadora, reunindo diversos jovens dispostos a discutir temas como liberdade de expressão, impostos, meio ambiente, entre outros. Alguns casos, como o da campanha “Preço Justo Já!” lançada por Felipe Neto, uma das personalidades jovens mais respeitadas dentre as assistidas no meio virtual pelo público jovem, ainda não conseguiu mobilizar o número esperado de assinaturas em um abaixo-assinado pela modificação dos impostos pagos sobre importação no país. Porém diversos protestos virtuais têm conquistado seus objetivos, como no caso da reprovação ao uso de pele de animais na coleção de uma famosa marca de sapatos e acessórios, que se viu obrigada a retirar de circulação os produtos geradores de polêmica, e, a organização via redes sociais para manifestações físicas, tais como a “Marcha da Liberdade”.
Resta saber se a participação dos jovens nesses processos é uma questão de libertação frente à alienação causada pelo meio, ou apenas mais uma modismo, bem direcionado, contudo esvaziado de sentido e verdadeiro espírito de transformação.






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