Total de visualizações de página

Páginas

terça-feira, 5 de julho de 2011

Os Punks não morreram... Alguns vivem em Ijuí

Por Larissa Soeiro
 
<>
Banda Esporrro

Na década de 70 o mundo assistia a eclosão daquele que seria um dos movimentos sociais mais expressivos da história e ao mesmo tempo um dos mais assustadores aos olhos da sociedade conservadora: o movimento punk. Com roupas rasgadas, coturnos, cabelos espetados, músicas de dois ou três acordes, rápidas que contestavam o modo de vida da sociedade capitalista e protestavam contra os problemas sociais os Punks chocaram o mundo.
Com o passar dos anos o movimento enfraqueceu, mas deixou seu legado pelo mundo. Quatro décadas depois de seu surgimento ainda encontramos alguns seguidores da ideologia ou mesmo admiradores da música vagando por aí.
Aqui em Ijuí os relatos dos primeiros contatos com o Punk vem do final da década de 80, porém nunca chegou a se formar um grupo que se auto-intitulasse Punk. Deste período até meados da década de 90 Lincon foi um dos jovens que circulou pelo underground ijuiense.
Naquela época não existia a internet e as pessoas não tinham dois ou três números de celular. As bandas se comunicavam através de cartas, trocavam fanzines e organizavam festas. “Fazíamos tudo sem apoio; no máximo um patrocínio do açougue tal ou do mercadinho. Usávamos o dinheiro para tirar Xerox do material de divulgação, dos cartazes, pra gasolina de algum carro emprestado pra levar a aparelhagem e para o rango das bandas que vinham. Desde o início era combinado que não se pagava cachê era tudo na boa vontade pra poder divulgar aquele movimento”, relembra Lincon.
Deste período bandas que marcaram o underground em Ijuí foram a Mictório Público, Bomba H e Clint Eastwood. Alguns anos mais tarde surgiu outra banda que fez muito barulho em Ijuí: a Dentes Podres. “Foi uma banda que causou impacto por mostrar raiva no tocar, ódio. Mas não ódio das pessoas, dos amigos, não disso. Raiva de tantas pessoas passarem fome, da desigualdade. A gente colocava nas letras raiva plena de tantos terem bastante e outros não ter nada. Era um som de atitude. A banda era agressiva mas num bom propósito.”, relata o baterista de Dentes Davi Boger.
Como acontece freqüentemente, poucas bandas saem da garagem e normalmente o período de existência das mesmas é curto. Anos após o fim da Dentes Podres, em 2008, os ex integrantes da mesma Davi e Sommer decidiram reativar um projeto antigo e com mais dois amigos fizeram surgir o som cru, feio, sujo e ruidoso da Esporrro.
Com suas letras de protesto contra a mídia e a sociedade falida, a banda movimentou o cena em Ijuí novamente. Os festivais Grito Underground I e II reuniram bandas de toda a região.  Na mesma época também estavam na ativa as banda de Hard Core Uzotro e a Canela de Cusco com seu Punk tosco.
Entre amigos e festas e a influência pelas bandas,  alguns jovens mantiveram a vontade de fazer alguma coisa diferente, de mostrar para o mundo que apesar de viverem em uma época onde as pessoas seguem os padrões impostos pela mídia e pelo capitalismo ainda é possível fazer a diferença.
Vários meios de manifestação surgiram em 2008. Algumas pessoas fizeram stencil nos muros da cidade, surgiu o fanzine La Decadence que criticava as misérias do mundo e também ocorreu o protesto antimilitarismo que aconteceu no desfile de 7 de setembro do mesmo ano, um pequeno grupo invadiu o desfile dos militares distribuindo panfletos sobre os malefícios da guerra.

Stencil nos muros da cidade


Galera
Uma das participantes das manifestações deste período foi Mi. Desde os 12 anos circulando pela noite de Ijuí ela conheceu o Punk por causa dos amigos, se identificou com as idéias e decidiu se movimentar. “Conheci na rua, conheci pessoas que me passaram sons e as idéias, comecei a gostar e decidi me mexer, protestar. Muitas pessoas discriminam, falam que é sem futuro, sem ideal mas eu acho que não, pois se tivesse uma maioria que lutasse por isso muitas coisas no mundo teriam uma solução.”, conta Mi, que acredita que o Punk ainda não morreu e que apesar de ser interior ainda podem surgir pessoas que darão continuação ao movimento.





Nenhum comentário:

Postar um comentário