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quarta-feira, 1 de junho de 2011

"Mais alguém sem passagem?"

Quando se é universitário tem-se o prazer de viver experiências incríveis e situações diversas. Para o estudante que mora distante da Universidade e tem que fazer uso de transportes coletivos, sempre tem situações engraçadas ou estressantes. Viajando uma hora e meia num desses ônibus intermunicipais que param a cada pouco, os tais pinga-pinga, relato o cotidiano de muitos outros passageiros. Compro a passagem, a sorte é que estudante com carteirinha ganha desconto, não é lá um grande desconto, mas somando as diversas viagens ajuda muito. Neste horário o ônibus “não é lá uma Brastemp”, mas o que importa é chegar ao destino e bem.
Ele deveria sair às 9h15min, geralmente este é o horário que ele estaciona, e só dá tempo de entrar ligeiro, enquanto o cobrador pega o Zero Hora na rodoviária. Sento nos primeiros bancos possíveis para não ter que se equilibrar muito até a saída depois. Partindo dali o cobrador se acomoda em pé nos degraus da escada e dá uma olhada no jornal, lê algumas manchetes e já é a vez de parar novamente para um passageiro descer e outro subir. O cobrador desce também, aguarda a transação e segue para onde o passageiro foi sentar. No seu equilíbrio diário retira uma caneta, às vezes, num costume tosco: de trás da orelha, outras vezes do bolso da camisa e puxa seu bloco de passagens da famosa e antiga pochete.
Mal ele se acomoda para continuar a leitura e mais passageiros aguardam na rodovia, cada um com uma mala, ou sacolas e sacos que guardam de tudo. As maiores, o cobrador guarda no bagageiro, e as menores, mas não tão menores assim, vão junto com o passageiro e pelo corredor quase levam os outros já acomodados junto. Numa dessas viagens um senhor esqueceu um saco com frutas no bagageiro, o cobrador sempre prestativo deixou lá guardado para que no próximo dia o passageiro pudesse pegar, quando o ônibus passasse em sua cidade. Porém logo no outro dia o ônibus destinado para aquele percurso não foi o mesmo.
Já na próxima cidade, uma voz surge, e eu, como muitos, já sei o que o cobrador vai falar: “última parada antes da rodoviária!” Nestas paradas o motorista e seu fiel cobrador aproveitam para fazer um lanche.
A viagem continua. Uma mulher tenta atender uma ligação, mas o sinal durante o caminho é péssimo, então ela vai aumentando o tom da fala e assim por sucessivas vezes até completar a conversa. De repente tudo em silêncio novamente e outro celular toca, toca, toca, mas ninguém atende. A campainha do ônibus apita, sinal que alguém pretende descer, porém ninguém se mexe. Deve ter sido engano de parada. Uma senhora comenta com a pessoa que está seu lado que vai descer na próxima entrada, e puxa a cordinha da campainha, mas o ônibus só para depois de um bom pedaço. Sempre é assim, quer descer num lugar puxe a corda a uns 500 metros antes.
Tem paradas que às vezes estão lotadas, todo mundo sobe e o cobrador, com uma facilidade, grava o rosto exato de cada um e vai lá vender a passagem. Boa memória instantânea, hein. Mas para prevenção ele exclama a famosa frase a cada parada:
- Mais alguém sem passagem?
Cada passageiro quer contar sua história, ou, o que vai fazer no destino descrito naqueles dois papéis coloridos. O cobrador ouve, concorda, discorda, mas não dá muita “corda”. E a viagem continua...


Deisi Fabrim

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