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quarta-feira, 22 de junho de 2011

O VERSO E O REVERSO DE ERICO VERÍSSIMO


Erico Veríssimo, um dos mais importantes literatos brasileiros do século XX. O seu legado é composto por três contos, treze romances, uma novela, doze literaturas infanto-juvenis, quatro narrativas de viagens, três autobiografias, três ensaios e três compilações. As suas produções literárias já foram traduzidas em dezesseis idiomas. Foi responsável também pela tradução de treze romances e três contos. Cinco dos seus livros tiveram adaptações para o cinema e seis obras para a televisão. Ele é enredo de diversas matérias e documentários de jornal, rádio, TV e internet. Ganhou diversos prêmios de literatura tais como Jabuti, Troféu Juca Pato, prêmio Machado de Assis. Viveu setenta anos e é pai de Clarissa e Luiz Fernando.
Érico nasceu em Cruz Alta em 17 de dezembro de 1905. Filho de Sebastião Veríssimo e Abegahy Lopes Veríssimo. As raízes de Érico Veríssimo são oriundas de duas famílias.
Manuel Esteves Veríssimo da Fonseca nasceu em Portugal em 1792. Veio pra Minas Gerais onde casou. Era tropeiro e veio a cavalo com a família para a cidade de Caçapava do Sul-RS, onde foi presidente da câmara de vereadores. A cidade foi cercada pelos farroupilhas comandados pelo General Neto em 1837. Manuel fazia oposição ao movimento e estava em perigo. Foi resgatado do cerco por Vidal José Pillar e levado para a cidade de Cruz Alta. Manuel gerou Domingos Veríssimo da Fonseca, que gerou Franklin Veríssimo da Fonseca, que casou com Adriana Firmina e gerou o pai de Érico.
“Apesar de não carregar o sobrenome Veríssimo julgo que o principal antepassado de Érico é Vidal José Pilar” afirma o historiador Rossano Cavalari que é responsável pelos museus de Cruz Alta e está escrevendo o Dicionário Histórico da cidade.
Vidal era militar e político curitibano, que resgatou Manuel Esteves Veríssimo da Fonseca do cerco farrapo em Caçapava. Foi tataravô materno e trisavô paterno do escritor. Teve duas filhas, Laurentina e Maria Lúcia. Os descendentes de Laurentina geraram Abegahy Lopes da Silva mãe de Érico. A filha de Maria Lúcia, Adriana Firmina, casou-se com Franklin Veríssimo da Fonseca e geraram o pai do Escritor.
Ainda pequeno enfrentou problemas de saúde que quase ceifaram a sua vida. Já na sua adolescência lia autores nacionais renomados. “Ele não completou o ginásio e isso não foi empecilho para ser conferencista no exterior e dar aulas para doutores em universidades americanas”, afirma o pesquisador Cavalari. Érico lecionou Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia. Como muitos outros escritores também foi jornalista.
A sua trajetória ficcionista é marcada por temas que abordam a vida urbana, a história e a política. Cavalari conta que “Érico era um humanista e não compactuava com nenhum tipo de autoritarismo. Por vezes utilizava da literatura para expressar este pensamento. No livro Incidente em Antares ele utiliza a figura dos mortos para criticar a sociedade”. Suas ideias em alguns momentos atiçaram a curiosidade dos agentes de repressão de Vargas e do regime militar.
O autor buscou retratar-se em algumas obras. “No seu primeiro romance, Clarissa, vários críticos literários julgam que a menina é o alter ego (do latim alter = outro egus = eu) do autor” Comenta Cavalari. Segundo Larry Antonio Wizniewsky, professor de literatura da Unijuí, “ao longo de sua obra Erico exalta a figura da mulher, os homens são os mais frágeis e/ou morrem primeiro. Isto seria um reflexo de sua vida, pois o pai se foi e a sua mãe se tornou a figura mais importante do lar”.

A relação com Cruz Alta

Em suas obras Erico evidencia, mesmo que com outros nomes, a sua cidade natal. Em Solo de Clarineta, misturam-se em um único registro a épica Santa Fé de O Tempo e o Vento e a melancólica e pastoral Jacarecanga da saga de Clarissa Albuquerque. Em uma entrevista declarou “O computador do meu inconsciente foi programado em Cruz Alta”. Segundo Larry Antonio Wizniewsky, “Cruz Alta é, talvez, o espaço urbano mais revisitado e reconstituído por um único autor na literatura brasileira. Andar pelas ruas de Cruz Alta é deixar-se surpreender pelo que ainda resta das praças, ruas, sobrados e farmácias da infância de Erico. Trata-se de um mergulho na matéria ainda vertente da literatura que sobreviveu, a seu modo, naquilo que foi expresso na parte mais relevante da obra de Erico.” “Consigo identificar vários personagens cruzaltenses na cidade fictícia de Jacareacanga do livro Musica ao Longe” afirma Cavalari.

O Museu

A “Terra de Érico Veríssimo” abriga um museu homônimo. Localizado exatamente na casa onde viveu por dezoito anos e possui um acervo de toda a sua obra. Os livros que traduziu e os seus que foram traduzidos em outras línguas. Destacam-se dois de seus livros em japonês onde a capa é ao contrário. Seus cadernos do tempo de escola cheios de desenho. Sua primeira maquina de escrever. Seus óculos, suas fotos em diversos momentos de sua vida e outras curiosidades. O responsável pelo museu Cavalari resume: “aqui a historia de Erico é revivida a cada visita”.

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