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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Raízes da Itália


"Que coisa entendeis por uma nação, Senhor Ministro?
É a massa dos infelizes?
Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco.
Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho.
Criamos animais, mas não comemos a carne.
Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa pátria?
Mas é uma pátria a terra em que não se consegue viver do próprio trabalho?"
(resposta de um italiano a um Ministro de Estado de seu país, a propósito das razões que estavam ditando a emigração em massa)


Primeiros imigrantes italianos que chegaram ao Brasil
Personagens de novelas, macarronada aos domingos e até nome de time de futebol. A influência dos italianos marcou de forma definitiva o Brasil desde que esses imigrantes começaram a vir para cá no século XIX. Até mesmo personagens revolucionários, como Giuseppe Garibaldi, vieram para o nosso país e ajudaram a construir a história brasileira. Toda essa história teve início no século XIX, quando ocorreram grandes modificações políticas e econômicas na Europa. Terminadas as guerras napoleônicas, o Congresso de Viena estabeleceu arbitrariamente novos estados, formas de governo e alianças, sem levar em conta a opinião dos povos a eles submetidos. Terminada a luta, o sonho de paz e prosperidade foi substituído por uma dura realidade: batalhões de desempregados e de camponeses sem terras, que não tinham como sustentar sua família. Diante desse quadro, a solução encontrada por esses trabalhadores foi sair de seu país em busca de novas terras. “Basicamente, todos os povos que imigraram do final do século XIX até metade do século XX fizeram isso porque as condições socioeconômicas em seu país de origem eram precárias”, conta Ivo Piovesan, professor da língua italiana.


Vindo para o Brasil em busca do sonho de uma vida melhor e de paz, os italianos construíram aqui grandes colônias, que os transformaram em um dos povos mais queridos e influentes da cultura brasileira.

Inserido numa das regiões mais férteis do Rio Grande do Sul, o município de Ijuí foi o primeiro projeto de colonização da República. Em 1890 era habitado principalmente por três diferentes grupos de imigrantes: poloneses, alemães e italianos. As peculiaridades do município atraíram novas correntes migratórias, entre elas os letos, portugueses, austríacos, afro-brasileiros, suecos, espanhóis, árabes e holandeses. A diversidade étnica e cultural passou a ser reconhecida e valorizada somente no final da década de 80. Ijuienses de todas as raças passaram a se reunir em centros culturais para manter suas tradições e costumes. Unidos, descobriram que poderiam fazer de suas diferenças uma interessante atração turística. Então se criou, dentro do Parque de Exposições do Município, um movimento que envolveu toda a comunidade para a construção das casas típicas, com as marcas arquitetônicas mais significativas de cada um dos países representados, onde são realizadas reuniões e encontros, na intenção de resgatar os costumes, a música, a dança, a gastronomia e a cultura de seus países de origem. Anualmente é realizado em outubro no Parque de Exposições a Festa Nacional das Culturas Diversificadas (Fenadi).
A primeira reunião da etnia italiana ocorreu em 14 de maio de 1987 no Salão Nobre da Prefeitura com 19 descendentes de Italianos com o objetivo de resgatar o folclore e a manifestação cultural em suas variadas formas, as raízes e os valores de vida de seus antepassados. Como primeiro resultado da reunião o grupo promove jantares no interior do município e nascem os grupos de canto Cantare e Bonna Gente..
A primeira meta é a construção da Casa Típica Italiana no Parque de Exposições Wanderlei Burmann. A partir daí forma-se o primeiro grupo de danças folclóricas italianas, Santa Luccia e depois o grupo juvenil denominado Rondinella, infantil Pimpinelli e mirim Primi Passi. Em 13 de outubro de 1989 inaugura-se  o El Nostro Canton com missa italiana rezada pelos padres Belino e Vergílio Costa Beber. Os grupos artísticos Del Egati e Santa Gorizia, vindos da Itália, animaram e impulsionaram as promoções do Centro Cultural Italiano de Ijuí para a conclusão deste pavilhão. A Semana Italiana é festejada no Rio Grande do Sul, de 13 a 20 de maio, sendo 20 de maio o dia da etnia italiana.
Hoje, o Centro Cultural Regional Italiano de Ijuí possui um programa radiofônico denominado “Italianos Trazem sua Mensagem” e é transmitido todos os sábados das 8 às 9 horas pela Rádio Progresso de Ijuí. “O centro cultural tem por finalidade manter viva a tradição dos imigrantes italianos quando aqui chegaram, difundir o idioma italiano, manter relações de amizade e o intercâmbio cultural entre a Itália e o Brasil”, explica o atual presidente da etnia italiana, Nelson Casarin.
O Centro Cultural, em conjunto com Associação Cultural Italiana do Rio Grande do Sul, desenvolve o curso de língua e cultura italiana para crianças, adolescentes e adultos envolvendo fonética, gramática, leitura e interpretação de textos e conversação. O curso completo vai do nível um ao seis, sendo que cada nível tem 64 horas/aula. A professora responsável é Rosangela Tissot, “Aprender a falar italiano possibilita que os cidadãos de nossa cidade tenham mais uma opção de comunicação, além do mais há um grande número de descendentes italianos aqui em nossa cidade e isso ganha uma importância maior ainda, é muito gratificante esse trabalho”, salienta a professora.

Os imigrantes italianos são conhecidos pela sua espontaneidade e alegria. Dentre suas danças destaca-se a Tarantella que é uma dança conhecida desde o século XVI.

Grupo de dança Volare

Suas músicas mais tradicionais são: Mérica, Mérica, Santa Lucia, La Verginela e La Bella Polenta. A casa oferece uma culinária variada, tendo como prato principal a massa: espaguete, macarrão, ravióli, lasanha, capeletti, agnoline e pizza. Há outros pratos típicos como os salames, os queijos, o radice, as bolachas e a polenta. A bebida preferida é o vinho. Nelson Casarin destaca: “A alegria do italiano se deve pela convivência em grupo, e principalmente pelo bom vinho e sua gastronomia, isso o embala para a cantoria e o espírito expansivo”.




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